quarta-feira, 3 de julho de 2013

Quereres


Queria caminhar pela maciez da terra batida e cair de cara na solidez de um colchão de.
Queria um vão em cada beco sem saída e uma porta de emergência para fugir das horas.
Queria uma cama de folhas à margem de um rio e o canto simples de um sabiá sonhador.
Queria um espelho que tecesse elogios, quatro maçãs à tristeza, um amor.

Queria que lágrimas falassem de tudo, que um sorriso jamais pudesse esconder a verdade.
Queria um coração aberto, um beijo sincero, uma cara metade.
Queria mil sonhos possíveis, um carro vazio, caminhos tranquilos.
Queria andar sobre trilhos, levar a sério, fazer sorrisos, plantar rosas, não ter espinhos.

Queria a sobriedade de um bêbado e a resistência de um pescador.
Queria uma dose extra, sombra, água fresca, remédios pra dor.
Queria dormir sereno, sem medo, sem erro, segredo, sem nada ter pra dizer.
Queria chegar de manhã, olhar para trás, te ver, sentir, te ter.

Queria você do meu lado, óculos sobre a mesa, livros na cabeceira.
Queria viver desse jeito, sem efeito, à minha maneira.
Queria sumir de repente, juntar minha gente, fundar um condado.
Queria partir velejando, fugir desse mundo, do certo e errado.

Queria que fôssemos todos pra sempre
e que todo se fizesse infinito.
Mas o sempre termina em segundo
e o que não tem fim se finda a cada dia.

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