Queria caminhar pela maciez da terra batida e cair de cara na solidez de um colchão de.
Queria um vão em cada
beco sem saída e uma porta de emergência para fugir das horas.
Queria uma cama de
folhas à margem de um rio e o canto simples de um sabiá sonhador.
Queria um espelho que
tecesse elogios, quatro maçãs à tristeza, um amor.
Queria que lágrimas
falassem de tudo, que um sorriso jamais pudesse esconder a verdade.
Queria um coração
aberto, um beijo sincero, uma cara metade.
Queria mil sonhos
possíveis, um carro vazio, caminhos tranquilos.
Queria andar sobre
trilhos, levar a sério, fazer sorrisos, plantar rosas, não ter espinhos.
Queria a sobriedade
de um bêbado e a resistência de um pescador.
Queria uma dose
extra, sombra, água fresca, remédios pra dor.
Queria dormir sereno,
sem medo, sem erro, segredo, sem nada ter pra dizer.
Queria chegar de
manhã, olhar para trás, te ver, sentir, te ter.
Queria você do meu
lado, óculos sobre a mesa, livros na cabeceira.
Queria viver desse
jeito, sem efeito, à minha maneira.
Queria sumir de
repente, juntar minha gente, fundar um condado.
Queria partir
velejando, fugir desse mundo, do certo e errado.
Queria que fôssemos
todos pra sempre
e que todo se fizesse
infinito.
Mas o sempre termina
em segundo
e o que não tem fim
se finda a cada dia.
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